Novos patamares de juros para Brasil e EUA
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 10,50% para 10,75% ao ano. A decisão, tomada nesta quarta-feira, foi unânime e marca a primeira alta da Selic no governo “Lula 3”.
Este movimento ocorre na contramão da política monetária dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed, banco central americano) reduziu os juros pela primeira vez desde 2020. O Fed cortou 0,5 ponto percentual, levando a taxa para a faixa entre 4,75% e 5%. Esta divergência amplia o diferencial de juros entre Brasil e EUA, com potencial impacto no câmbio do real e no custo de captação das empresas brasileiras no exterior.
Segundo especialistas ouvidos por reportagens da CNN e Estadão, o BC brasileiro precisou aumentar a Selic devido ao aumento da pressão inflacionária e à instabilidade fiscal.
O economista da XP, Rodolfo Margato, previa alta na Selic devido à atividade econômica mais forte que o esperado: o crescimento do PIB e o aquecimento do mercado de trabalho pressionam a inflação, especialmente nos setores de serviços. Para Margato, há uma “surpresa positiva” nos dados do PIB, que tende a ampliar o “hiato do produto”, mantendo o mercado de trabalho aquecido e pressionando os salários, elevando o risco de inflação no curto e médio prazo.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4% no segundo trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego ficou em 6,8% no trimestre encerrado em julho, a menor para o período da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE.
O Copom destacou que o ritmo de ajustes futuros dependerá da dinâmica da inflação, especialmente dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária. Por outro lado, no comunicado, o BC sinaliza que a dose do aumento pode ser maior nas próximas reuniões, a depender do cenário econômico. Ou seja, a taxa básica de juros pode passar por elevações de 0,5 ponto percentual ainda este ano.
O Copom manteve sua avaliação sobre o cenário fiscal, destacando que acompanha “com atenção” como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O comitê reafirmou que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação”.
Fontes: Valor Econômico e E-investidor
Fonte: Portal Loft

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